quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A caixa de pessoas

Por muito tempo foquei minha vida no meio das pessoas como a vida que depende das pessoas. Das outras. Hoje percebo que, de certa forma, e por inúmeras vezes, foi uma forma de justificar tudo que deu errado ou não funcionou ao longo dos anos.
Antes, tinha amigas e queria que fossem só minhas. Se não fossem, eu logo me desencaixava, não estava adequada, me sentia perdida. E um tempo depois, me juntei à outras pessoas. Foi quando descobri que tinha diversas pessoas presentes mas, na realidade, nenhuma muito próxima. Culpei as pessoas, sabendo que a culpa era minha. Resolvi então me apegar de novo, de forma não sufocante, nem para mim, nem para ninguém que estivesse comigo. Descobri o equilíbrio, re-descobri o que é ser quem eu sou.
Em todo esse tempo fui escolhendo a dedo os amigos próximos. Os deixando bem próximos, cuidando com carinho, escondendo de cada um que eu queria que eles fossem só meus. E são meus. E de outros também, ainda bem.
Hoje, sinto que tenho a parte boa e ruim de todos eles e à mim, somente adiciona. Feliz por ter a amiga que no segundo parágrafo me afastei porque queria só pra mim. Feliz por não ter mais a outra amiga que formava o trio.
Lendo o blog de uma outra amiga, descobri que ela coloca em uma caixa nomes de pessoas que não mais estão presentes em sua vida, por um motivo ou outro. Hoje eu não sinto falta de nenhuma mais que não esteja presente – e falo daquelas com as quais não tenho mais nenhum contato ou não dispendo um segundo sequer pensando. Mas, escrevendo esse texto, consegui me lembrar de varias, que foram parte significativa ou não, ao menos que elas soubessem.
Tenho uma caixa mental, não somente com nomes, mas com toda a experiência, aprendizado, raiva, desafetos, amores, como um currículo de todas essas pessoas. E somente parei pra pensar nisso agora. Fiquei mais leve ao me lembrar de que as pessoas presentes, essas sim importantes, também montam uma lista em minha vida. Mas daquelas gostosas, como se fossem receita de bolo, que você vai seguindo passo a passo pra ver um resultado delicioso. E, lógico, se o bolo não subir, provavelmente eu me esqueci de algum ingrediente da lista, e isso, é inadmissível.
A caixa de pessoas faz parte do reconhecer, aceitar e crescer. Por isso fica fechada. O bolo a gente divide com quem gosta. E faz por eles.

Um comentário:

Unknown disse...

eu nao quero morar numa caixa de sapatoooos!!!