terça-feira, 16 de setembro de 2008

Do que se quer

Não sei se é só comigo, mas todas as vezes em que eu vou a algum café, daqueles com pessoas de meia idade lendo a Folha, uns de mais idade fumando um charuto (sentindo-se em Londres... hahaha) e uns universitários com dinheiro pra um pedaço de torta holandesa, alguma coisa se renova na minha vida. Os meus objetivos ficam muito mais objetivos. Os meus sonhos ficam muito mais furiosos. Ah, vem uma garra! Uma vontade de mudar tudo! Sim, sim, porque vejo um apartamento bonito, com aquela meia luz, um sofá que me recebe deitada, lá pelas 23:15 de alguma noite cansada. E sempre estou sozinha nessas imagens. Será? Pra sempre, será?! Bom...
E hoje foi um desses dias. Dia de ir ao café. De conversar com o melhor amigo sobre as merdas que vim fazendo nos últimos dias, os sonhos frustrados, as cagadas dos conhecidos e o mais. O muito mais: os desejos pros próximos dias.
Sim, porque é, pra mim, uma espécie de reveillon mesmo! Aliás... muito melhor! A calcinha não precisa ser nova, a lentilha pode virar torta, não preciso estar na praia, nem sair abraçando niguém que não me apeteça. E o que é melhor: sem a depressão de fim de ano. Ai, vivam os cafés!
E depois de chegar em casa, a imagem do apartamento vira equação. O segundo pedaço de torta vira função. E por todas as imagens é que decido andar. Dar o próximo passo. Uns doem, é verdade. Mas precisam ser pisados. E que as pegadas fiquem no meu tempo, então. E que se possa olhar pra trás e ver que foram elas que me levaram até "o lá" que quero estar. O segundo pedaço da torta. O terceiro. O café.

Mais champanhe. Dessa vez pra receber os novos votos. Dessa vez pra dar valor às pegadas que já ficaram.

Mais. Bem mais.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Das grandes pequenezas

Porque em matéria de nóias as vezes me sinto como aquele velho acadêmico, que sabe tanto sobre o assunto que já perdeu a noção sobre o quê e pra quem falar. Porque mais triste que uma constatação é uma auto-constatação. Dói sensivelmente mais.
Mas, de todas as nóias que a adolescência me apontou que teria, boa parte já passou. Sim, as nóias sobre carreira, o emprego, casa própria, namorado próprio... e hoje, por sinal, enquanto eu andava por uma das ruas do campus, com uma sandália de salto altíssimo, a chave do carro na mão e a matéria da prova na cabeça, tive por um agradável e quase orgástico momento um sentimento de bem-estar. Não sei definir o que passou, mas por uns segundos vi que hoje sou bem parecida com o que eu queria... sabe aquela mulher que aos 15 você idealiza ser? Sim, ela. Gostei. É o tempo passando. E você passando junto com ele.
Mas com um pouco de vivência vai ficando claro o que faz parte de você e o que fez parte de você. Porque algumas merdas você tem que se conformar de que sempre andarão aí do seu lado. E ai, ai... por ora, consigo pensar em uma...
Ciúme! De quê?
Da mesa do trabalho, daquela caneta amarela que eu nunca usei e, exatamente por isso, ninguém mais deve usá-la, do irmão que insiste em ter uma vida amorosa, daquele abraço mais apertado que a amiga x deu na amiga y, considerando-se que meu nome é z, além do óbvio... as sirigaitas que sempre rondarão o parceiro, seja ele quem for.
Mas tudo isso muito natural.
Porque de tudo isso, só uma coisa importa: saber que pessoas virão, pessoas irão, coisas se quebram, coisas se compram. Saber que tudo que se sentir vai passar quando o seu sono chegar. Seja ela a melhor sensação do dia. Seja a pior. Saber que algumas delas não voltam quando você acorda. E que talvez essa seja a solução. Saber que por mais que você queira manter agumas poucas pessoas do seu lado, elas simplesmente não ficarão. E no entra e sai de gente, ganha mais quem não segura a catraca. Deixa ir, deixa entrar.
Porque o que me importa é saber que a sexta chegou e aqui tem um pé cansado de salto alto e um coração que não precisa de outro pra bater no ritmo. Que a maioria dos meus problemas tem prazo de validade. Que eu não preciso me preocupar com muito essa noite, porque muito pouco eu vou fazer.
Agora eu preciso me deitar e imaginar quem eu quero ser aos 35. Porque vai ser numa rua de algum lugar que vou me lembrar de hoje e, num arrepio ver que nóias nascem pra divertir a vida.

E deixa a sexta dizer que por ora está bom!

E cada um que estoure o seu champanhe!
Com prazer.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Das segundas vezes

A questão é:
A segurança vem quando?
Na primeira faculdade eu não tinha certeza de nada ao mesmo tempo que havia saído do ensino médio cheia de segurança. Porque ser adolescente é ser formado em aparentar segurança, uma forma de barreira do mundo exterior, mesmo que por dentro se esteja quebrado.
A faculdade passou, segmentada em cinco anos de aulas mal aproveitadas, textos mal lidos e uma formação que poderia ter sido melhor embora eu saiba que, de alguma forma, absorvi algum conteúdo.
O primeiro emprego veio completamente não relacionado com a faculdade, junto com medo e empolgação de início e as eventuais depressões com o estado de vida em que me encontrava.
A segunda faculdade surgiu dessas depressões e me completou por dois anos e, desta vez, eu aproveitei tudo o que deveria, criticando mais o curso, as matérias e tudo relacionado porque já havia feito a primeira faculdade. A segurança estava lá, de certa forma, mas o contentamento não.
O segundo emprego veio, desta vez relacionado com a faculdade, mas a segurança não seguiu junto de mãos dadas.
Virá ela no segundo emprego da mesma área?
Penso nessa linha de tempo e me questiono se a tal segurança vem do tempo, da vontade, da relação com os colegas de trabalho ou simplesmente do conhecimento do que se está fazendo.
Eu não me sinto segura nem com certos amigos, quem dirá com desconhecidos. Eu mal me sinto segura fazendo o que sempre fiz, quem dirá coisas novas.
Acho que o lado que equilibra é a vontade de aprender. E só ela.
E creio que a atriz adolescente que mostrava segurança ainda existe, e cada dia melhor, pois convive num mundo cheio de outros atores que não inspiram confiança alguma, mas são o retrato dela.