sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Das grandes pequenezas

Porque em matéria de nóias as vezes me sinto como aquele velho acadêmico, que sabe tanto sobre o assunto que já perdeu a noção sobre o quê e pra quem falar. Porque mais triste que uma constatação é uma auto-constatação. Dói sensivelmente mais.
Mas, de todas as nóias que a adolescência me apontou que teria, boa parte já passou. Sim, as nóias sobre carreira, o emprego, casa própria, namorado próprio... e hoje, por sinal, enquanto eu andava por uma das ruas do campus, com uma sandália de salto altíssimo, a chave do carro na mão e a matéria da prova na cabeça, tive por um agradável e quase orgástico momento um sentimento de bem-estar. Não sei definir o que passou, mas por uns segundos vi que hoje sou bem parecida com o que eu queria... sabe aquela mulher que aos 15 você idealiza ser? Sim, ela. Gostei. É o tempo passando. E você passando junto com ele.
Mas com um pouco de vivência vai ficando claro o que faz parte de você e o que fez parte de você. Porque algumas merdas você tem que se conformar de que sempre andarão aí do seu lado. E ai, ai... por ora, consigo pensar em uma...
Ciúme! De quê?
Da mesa do trabalho, daquela caneta amarela que eu nunca usei e, exatamente por isso, ninguém mais deve usá-la, do irmão que insiste em ter uma vida amorosa, daquele abraço mais apertado que a amiga x deu na amiga y, considerando-se que meu nome é z, além do óbvio... as sirigaitas que sempre rondarão o parceiro, seja ele quem for.
Mas tudo isso muito natural.
Porque de tudo isso, só uma coisa importa: saber que pessoas virão, pessoas irão, coisas se quebram, coisas se compram. Saber que tudo que se sentir vai passar quando o seu sono chegar. Seja ela a melhor sensação do dia. Seja a pior. Saber que algumas delas não voltam quando você acorda. E que talvez essa seja a solução. Saber que por mais que você queira manter agumas poucas pessoas do seu lado, elas simplesmente não ficarão. E no entra e sai de gente, ganha mais quem não segura a catraca. Deixa ir, deixa entrar.
Porque o que me importa é saber que a sexta chegou e aqui tem um pé cansado de salto alto e um coração que não precisa de outro pra bater no ritmo. Que a maioria dos meus problemas tem prazo de validade. Que eu não preciso me preocupar com muito essa noite, porque muito pouco eu vou fazer.
Agora eu preciso me deitar e imaginar quem eu quero ser aos 35. Porque vai ser numa rua de algum lugar que vou me lembrar de hoje e, num arrepio ver que nóias nascem pra divertir a vida.

E deixa a sexta dizer que por ora está bom!

E cada um que estoure o seu champanhe!
Com prazer.

Um comentário:

Tangerine disse...

E minha sexta será assim!